20 março, 2008

Num qualquer serviço público...

Portugal, Século XXI, Ano 2007
Numa repartição da Segurança Social
não é?

não é?
“Estou perante 10 balcões de atendimento ao público numa repartição da Segurança Social e, em cada balcão está, supostamente, um funcionário. E, no interior dos serviços, estão, supostamente, mais três ou quatro… não sei, noutro(s) labor(es). Só sei que é, supostamente, muita gente no atendimento. E, é preciso não esquecer, que cada funcionário é especializado num determinado serviço… claro!


É impressionante ver estes trabalhadores… trabalham com um aplicação tal que até mete impressão vê-los stressados, ver o suor que escorre nas suas frontes, e estampada no rosto a ânsia de bem servir… Não têm mão a medir com tantos utentes… cerca de 10.


Mas eis que, por volta das 9:30, entram 2 funcionários cheios de pressa, a arfar, talvez por terem acabado de tomar o café da manhã num qualquer estabelecimento ali ao pé, e por verificarem que ainda existem utentes à espera… Por volta das 10 horas a azáfama continua… os funcionários circulam de um lado para o outro, conversando com os colegas, em viva troca de impressões sobre a forma como devem atender os utentes, rápida e eficientemente… os utentes também vão circulando, em pulgas por tão eficiente atendimento…


Já são 10:30 e eis que chega mais um funcionário, que entretanto fora retemperar as forças, depois de manhã tão desgastante… Entretanto, saíram dois pelas traseiras, com certeza para não perturbar nem incomodar os utentes. Ah! Pelas 10:55 saiu mais um… mas, claro, chegaram os outros 2 funcionários… Que sincronização! Que coordenação!


Os utentes nem deram pela falta destes funcionários… O serviço continuou a funcionar exactamente igual como até aí… Entretanto devem ter sido atendidos, sei lá… para aí 1 ou 2 utentes… no mínimo…


Impressionante esta aplicação, dedicação e a preocupação com os utentes… A troca de impressões entre colegas de trabalho é constante… Devem estar a debater estratégias de atendimento comuns para que os utentes não estranhem tanta competência e eficiência… Já estou cansado de os ver trabalhar… Até eu já estou a suar… Tenho pena deles… Mas o melhor de tudo é que nem dei pelo tempo passar… Passaram quê? Duas horinhas? E eu nem dei por tal…


Tenho a certeza que na hora do almoço nem têm apetite… Devem estar completamente, sei lá, estafados, sem força para manejar os talhares… Nem quero pensar no final do dia… Aí a fadiga deve ser insuportável… Nem devem ter tempo de ir às compras, nem de dar um passeio… É chegar a casa, pensar no trabalho realizado durante esse dia e preparar-se física e mentalmente para o dia seguinte…


Apraz-me dizer que, enquanto se ausentam para retemperar as forças, ninguém deu conta da sua ausência… É que o ritmo de atendimento manteve-se nos mesmos níveis… Impressionante!
Temos de deixar aqui uma palavra de agrado pela simpatia, pelos sorrisos contagiantes dos funcionários…


Até me senti mal! É que a postura dos utentes, como se estivessem a fazer um favor aos funcionários pelo facto de irem à Segurança Social tratar dos seus problemas, não vai ao encontro de tal eficiência e de tal simpatia… Da minha parte, tudo farei para evitar perturbar tal performance… tudo farei para que não seja necessário recorrer a estes serviços… Assim não os incomodo... não é?

Bem hajam!

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